Do you speak English? How about your students?
A educação bilíngue no Brasil viu um salto de crescimento nos últimos anos – mas a lacuna no ensino de línguas estrangeiras no Brasil ainda prevalece.
Afinal, qual a realidade do ensino em duas línguas no país e por que os números não mudam?
No post de hoje, discutimos sobre o que ensino bilíngue, qual sua prevalência no país e que opções as escolas têm para trabalhar línguas estrangeiras.
Confira!
Mercado em crescimento, mas não o domínio da língua?
Só nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira de Ensino Bilíngue (Abebi), o mercado de educação bilíngue no país cresceu de 6% a 10%. Atualmente, de todas as escolas brasileiras, 3% oferecem algum tipo de programa bilíngue.
(Lembrando que, para o MEC, as escolas para surdos e indígenas também são consideradas bilíngues. Entretanto, o crescimento se deu especialmente para as escolas que ensinam tanto em português quanto em inglês.)
(Em comparação com a Argentina, Uruguai e Chile, o Brasil também fica para trás. Nos países vizinhos, o número de escolas bilíngues chega a 8% do total.)
No entanto, segundo dados do British Council (2018), só 5% da população brasileira domina o inglês (com alguns levantamentos afirmando que a fluência chega apenas 1%), enquanto metade das empresas do país requerem o domínio básico do idioma pelos funcionários.
Nesse cenário, qual a função das escolas públicas e privadas? E de que forma elas podem se beneficiar da tendência e oferecerem oportunidades de ensino bilíngue para seus alunos?
Por que investir no ensino bilíngue
Além da oportunidade evidente para as escolas que querem aproveitar a tendência de mercado (que veio para ficar), o bilinguismo é também benéfico para as crianças e adolescentes.
De forma geral, o cérebro bilíngue possui maior capacidade de processamento cerebral. (Veja os links ao final do email para mais informações.) Isso aponta para uma grande oportunidade de melhoria no desempenho e na capacidade cognitiva dos alunos e que vai muito além das disciplinas regulares ensinadas em sala de aula.
Da mesma forma, ao expor os alunos a uma outra língua, o ensino bilíngue proporciona uma vantagem expressiva no desenvolvimento de habilidades como concentração, memória, raciocínio e criatividade. Mesmo nas disciplinas ministradas na língua materna, avanços nessas habilidades contribuem com um aprendizado mais rápido e mais eficaz.
Por outro lado, o bilinguismo não é só benéfico para os alunos enquanto indivíduos, mas também enquanto grupo. Ao terem contato com outra cultura, sua formação histórica e também sua importância para os demais países, o ensino bilíngue ensina a pluralidade cultural, o respeito às diferenças e a tolerância.
Por fim, outros fatores não relacionados ao domínio de línguas também são fortes indicadores do por que o ensino bilíngue tanto cresce no Brasil: além da economia de dinheiro que os pais têm ao não precisar recorrer a escolas de idiomas, os alunos economizam tempo no deslocamento entre as instituições – e, enfim, também têm mais segurança.
Mas, afinal, como implementar o ensino bilíngue?
Na discussão sobre educação bilíngue, é importante pontuar que não basta oferecer aulas de línguas estrangeiras para receber a classificação de escola bilíngue. E, apesar de não existir no Brasil uma legislação específica sobre o tema, órgãos importantes e profissionais de referência no setor trazem um panorama sobre de que forma implementar o ensino bilíngue numa instituição.
Para a OEBI, a Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo, as escolas bilíngues devem ter uma carga horária mínima de língua estrangeira no currículo de acordo com a faixa etária. Para a educação infantil, ela é de no mínimo 75%; para o ensino médio, ela é de 25%.
Entretanto, diferentemente do que ocorre com as disciplinas de línguas estrangeiras, a educação bilíngue utiliza a língua-alvo como ferramenta para lecionar as disciplinas da grade curricular, como matemática, biologia, geografia, dentre outras. Nesse modelo, vivenciar a língua de forma prática é o aspecto fundamental – ao contrário do que ocorre com as aulas de língua estrangeira que ensinam o idioma de forma explícita.
Uma das aplicações possíveis, nessa modalidade, é dividir as aulas entre os idiomas ensinados e proporcionar a experiência com ambas as línguas dentro das escolas. Entretanto, como afirma o pedagogo e empresário Ulisses Cardinot (veja o link abaixo), esse modelo pode não ser tão viável para escolas que desejam fazer a transição para o ensino bilíngue – poderia exigir, por exemplo, o domínio de dois idiomas por parte de todo o corpo docente; o que não é a realidade da maior parte das escolas.
Nesse sentido, programas bilíngues, com o aumento da carga horária e a inclusão de disciplinas integradoras no currículo, se fazem mais viáveis – e uma oportunidade interessante tanto para as escolas quanto para os alunos.
Para saber mais sobre o assunto, não deixe de conferir as matérias abaixo:
Metrópoles – Dados registram aumento na procura por ensino bilíngue no Brasil
Revista Educação – Expansão das escolas bilíngues no Brasil
E você, o que pensa sobre educação bilíngue?