O ensino personalizado é uma abordagem que enxerga os alunos como são – indivíduos únicos no processo de ensino-aprendizagem. A principal característica dessa técnica é a variedade de formas e recursos de instrução usados pelo professor.
Apesar de assustar muitos educadores ao ser confundido com o ensino particular ou com um desgaste ainda maior no preparo das aulas, a educação personalizada visa atender o maior número de estudantes da maneira mais eficaz possível – e é uma das grandes tendências de educação para o próximo ano.
Afinal, sua premissa é a de que os alunos, com suas diferenças individuais e particulares, têm estilos diferentes de aprendizagem.
Mas como utilizar o ensino personalizado de fato em sala de aula? Como educadores podem utilizar o que já têm para atender ainda melhor seus alunos?
Saiba tudo sobre a abordagem e como aplicá-la de forma simples e prática com a sua turma neste post!
Origens da abordagem
Apesar da discussão sobre ensino personalizado ser mais recente, a ideia não é. Na verdade, existem pelo menos duas grandes correntes de influência sobre o movimento.
A primeira está ligada ao behaviorismo e a outras teorias de aprendizagem. A ideia de estímulo e feedback embasa a crença de que os estudantes, ao receberem um estímulo relacionado ao seu nível de aprendizado, irão agir de certa forma. E, após receberem feedbacks e estímulos maiores continuamente, progridem na sua própria velocidade.
A segunda, por sua vez, se relaciona à aprendizagem baseada em projetos. A metodologia, que também se liga a outras abordagens mais antigas de ensino, visa colocar os interesses dos alunos em posição de destaque. O objetivo é dar a eles oportunidades de desenvolvimento individual, também respeitando seu ritmo de aprendizagem.
Atualmente, com o maior número de alunos por sala, a grande gama de disciplinas e com o acesso difundido à tecnologia, as escolas e educadores se viram obrigadas a pensar em formas mais eficazes de ensinar. Isso inclui, por exemplo, a necessidade de ensinar o maior número de alunos da melhor maneira possível. Nesse contexto, entra o ensino personalizado.
Mas antes de entender o que de fato é essa metodologia, precisamos entender o que ela não é.
O que não é ensino personalizado
O ensino personalizado, apesar de embasado em técnicas e abordagens já difundidas e utilizadas por educadores há décadas, precisa ser diferenciado conceitualmente das demais.
Isso porque, em muitos contextos, a metodologia é confundida diretamente com outras – o que atrapalha, inclusive, sua implementação.
O primeiro ponto de atenção é que o ensino personalizado não é um substituto para a sala de aula. Na verdade, o ensino personalizado não precisa nem de plataformas tecnológicas para ocorrer.
A principal premissa dessa metodologia é reconhecer as diferenças particulares de cada aluno e respeitá-las durante o processo de ensino-aprendizagem. Isso significa que os materiais, o grau de dificuldade do conteúdo e dos exercícios, o ritmo empregado em sala de aula e também os métodos de avaliação serão mais diversificados. O objetivo? Ensinar de forma mais plural e permitir com que cada aluno tenha acesso ao ritmo e à complexidade que o servem naquele momento.
Isso não significa que o ensino será realizado totalmente à distância por canais digitais. Na verdade, a personalização pode ser implementada com as ferramentas e técnicas que o professor já possui.
É por essa razão também que o ensino personalizado não significa, necessariamente, ensino remoto.
Apesar da educação à distância e a internet facilitarem o trabalho do professor – disponibilizando exercícios em vários graus de complexidade e permitindo os estudos em horários e locais flexíveis -, ela não é obrigatória para o ensino personalizado. Na verdade, tecnologias mais tradicionais – como papel e lápis – são ótimos suportes para a personalização. Tudo depende de quais atividades serão propostas em sala.
Por fim, o ensino personalizado também não significa ensino individual.
A base da personalização do ensino é sempre enxergar o aluno de forma única e atendê-lo nas suas necessidades específicas, mas não necessariamente de forma particular. Ao permitir com que os alunos tomem decisões sobre formatos de conteúdo, grau de dificuldade e também forma de avaliação, o professor já amplia suas chances de sucesso e permite com que os alunos explorem sua própria capacidade de aprendizado – mesmo que em grandes salas de aula.
Como promover o ensino personalizado
Se ensino personalizado não é ensino remoto, não é ensino particular nem um substituto para a sala de aula, como empregá-lo no dia a dia?
Para saber como, existem 5 perguntas fundamentais a serem respondidas.
Como?
A primeira maneira com que professores podem adotar o ensino personalizado é pensar em como ensinar. Variar nas plataformas, formatos e formas de avaliação, por exemplo, é um ótimo começo.
Para alunos mais visuais, editores de mídia, sites, vídeos, aulas em vídeo e também posts de rede social são ótimos formatos para o aprendizado. Para os alunos que preferem a leitura, livros, ebooks, enciclopédias online e trabalhos escritos são boas opções. Já para os que gostam de uma boa interação com os colegas, fóruns de discussão, debates, júri simulado e redes sociais são recursos mais eficientes.
Uma vantagem importante dessa diversidade é que fornecer exercícios diferentes de acordo com as preferências dos alunos ajuda a mantê-los engajados – e permitir com que busquem, por si só, materiais complementares para estudar.
Mas a personalização não necessariamente se restringe às plataformas e formatos. É fundamental também considerar a forma de avaliação. Existem várias formas de demonstrar o domínio ou conhecimento de um conceito, técnica ou ideia em sala de aula – para muito além de uma prova de múltipla escolha ou redação. Ao permitir com que o aluno utilize o formato mais condizente com sua preferência, a avaliação também se torna mais democrática e mais eficiente.
O quê?
Além da atenção com os formatos utilizados para ensinar, pensar no nível de complexidade do conteúdo também é importante para atender os alunos em graus diferentes de conhecimento. Variar o grau de dificuldade – de elementar, médio a avançado – ajuda a incluir os alunos com dificuldade de aprendizado no processo educacional da turma, além de manter os alunos já avançados num processo contínuo de aprendizagem.
Outro benefício de disponibilizar conteúdos e tarefas em vários níveis é manter os alunos engajados. Além de evitar a desmotivação dos alunos que geralmente se sentem intimidados ou desanimados por conteúdos mais difíceis, também anima os alunos que se sentem entediados por já dominarem a matéria.
Quando?
Se a diversidade de formatos é fundamental para o ensino personalizado, a diversidade de tempos também é. Enquanto alguns alunos aprendem melhor em sala de aula ou na interação com outros colegas, outros preferem formais mais individuais de estudo.
Variar nas dinâmicas em sala e estruturar as tarefas de casa também para essa diversidade é uma das maneiras de atender aos alunos no seu ritmo de aprendizagem. Nos casos em que o aluno possui maior dificuldade, esse benefício é ainda maior.
Onde?
Apesar do ensino personalizado não ser ensino remoto, ele pode se beneficiar e muito das plataformas digitais e do ensino à distância.
Fornecer materiais diversificados para alunos consultarem em casa, gravar vídeo-aulas ou promover encontros online – como num fórum de discussão – são formas de variar o local da aprendizagem e permitir com que o processo seja ainda mais integrado e contínuo.
Por quê?
Por fim, é importante lembrar, acima de tudo, que os alunos também aprendem por motivos diferentes. Enquanto alguns estudam para de fato aprender ou veem a escola como uma obrigação, outros estudam para se divertir e até mesmo para se desafiar. Personalizar o ensino – fornecendo mais variedade de materiais, permitindo com que escolham os formatos que mais se adequam aos seus gostos e ampliando as avaliações – é utilizar a motivação de cada aluno para promover a melhor experiência possível em sala de aula.
Conclusão
Apesar de assustar educadores no início por ser confundido com uma carga maior de trabalho ou com métodos muito complexos, o ensino personalizado tem tudo a ver com flexibilidade – tanto para alunos quanto para professores.
Além de permitir maior dinamismo no que, no como e no quando os conteúdos serão ensinados, a autonomia dada aos alunos na hora de escolher de que forma aprender traz ainda mais responsabilidade e orgulho para seu próprio processo de ensino-aprendizagem.
Muitos alunos já buscam intuitivamente materiais para atenderem às suas necessidades de personalização – indo atrás de páginas na internet, por exemplo, para entender melhor um conteúdo. Por essa razão, professores que abrem o debate da personalização e buscam esses materiais com e para seus alunos têm turmas mais dinâmicas, mais engajadas e mais bem-sucedidas.
Para saber mais sobre o assunto, a Intel elaborou um guia completo (em inglês) sobre ensino personalizado – especialmente na era digital. Para conferir o material, basta clicar aqui!
E você, professor, já teve alguma experiência com personalização em sala de aula? Qual foi o resultado?