
A teoria da curva de aprendizagem é conhecida e aplicada em diversos setores da economia desde a metade do século XX. Além de fornecer um modelo que permite visualizar como as pessoas aprendem, também ajuda a mapear o desempenho de um grupo ou a eficácia de um método.
Mas muito além da indústria, as escolas também podem se beneficiar do modelo. Isso não só ocorre porque ele fornece embasamento teórico para educadores, mas também porque ajuda os alunos a entenderem melhor suas próprias dinâmicas de aprendizado.
Continue lendo para saber como a teoria surgiu, o que ela postula e quais seus impactos na educação!
O que você vai ver neste post:
1. O que é curva de aprendizagem
2. Exemplos de aplicação
3. Vantagens e desvantagens da teoria
4. Aplicação da teoria da curva de aprendizagem na educação
5. Conclusão
O que é curva de aprendizagem
A curva de aprendizagem, ou learning curve, em inglês, é uma representação da progressão de desempenho ou performance de um indivíduo em uma tarefa específica. De forma gráfica, as informações retidas (ou aprendizado) crescem de forma acentuada nos primeiros momentos e se equilibra ao longo do tempo.
O conceito da curva de aprendizagem foi descrito pela primeira vez pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, em 1885. Ebbinghaus ficou conhecido pelos seus estudos sobre memória e lembrança, e em como certos ritmos de aprendizagem podem impactar as duas funções.
O principal insight fornecido pela teoria é que a eficiência em cumprir uma tarefa aumenta à medida que o indivíduo pratica aquela atividade. De forma oposta, o esforço para cumprir aquela tarefa diminui conforme ela é executada ao longo do tempo. Além disso, à proporção que a curva avança, menos informação é retida.
Além de Ebbinghaus, outros teóricos aplicaram o mesmo conceito para estudar o aprendizado dentro da indústria e do mercado de trabalho. Dessa forma, a curva de aprendizagem se tornou um modelo matemático que ajuda a prever a evolução do desempenho da força de trabalho e dos colaboradores.
Exemplos de aplicação
Por ser um modelo que explica de forma geral o desenvolvimento da performance humana, existem duas aplicações do termo curva de aprendizagem.
A primeira delas é qualitativa, usada principalmente no dia a dia para descrever quanto tempo e esforço é necessário para aprender algo novo. Esse modelo, por exemplo, pode ser visto na educação. Ao introduzir um conteúdo novo, o aluno tende a absorver as informações, mesmo que com grande esforço, especialmente quando são recentes. Então, ele passa por um período de mais estabilidade e estagnação – e a energia requerida para entender o assunto também diminui. Por esse motivo, muitas vezes os alunos têm a sensação de não estarem aprendendo mais nada – quando, na verdade, o conhecimento já foi assimilado e a curva está apenas menos acentuada.
Por outro lado, o conceito também pode ser aplicado de maneira quantitativa. Nesse contexto, são criados modelos matemáticos com o objetivo de indicar a taxa de proficiência de um indivíduo ou grupo em uma determinada tarefa. Essa aplicação é vista com frequência na indústria ou na gestão organizacional. O modelo explica, por exemplo, por que introduzir um novo procedimento ou ferramenta dentro da empresa gera dificuldade para os colaboradores – tempo e esforço são mais necessários no início, do que à medida em que eles ganham proficiência no novo protocolo. Ao utilizar a curva, os gestores entendem melhor esse processo e podem fornecer estímulos para facilitar o aprendizado e melhorar a performance empresarial.
Vantagens e desvantagens da teoria
Além de ser versátil nas suas possibilidades de aplicação, a curva de aprendizagem tem outras vantagens.
Uma delas é a possibilidade de utilizá-la para prever a produtividade de colaboradores ou a performance de alunos. Com isso em mente, gestores e educadores podem reduzir custos (ou esforços) e canalizar ações a fim de facilitar o aprendizado no início e manter de maneira progressiva o desempenho.
Além disso, a própria consciência sobre o processo de aprendizagem ajuda a manter funcionários ou estudantes engajados – eles têm consciência que, apesar da sensação de muito esforço ou de estagnação, o processo de aprendizagem é contínuo.
Entretanto, apesar dos benefícios, há pontos de alerta na teoria. O principal deles é que a aprendizagem, como todo processo, depende de uma série de outras variáveis. Por essa razão, a curva nem sempre irá retratar com fidelidade o processo de aprendizagem de um indivíduo.
Por essa mesma razão, o modelo também pode ser usado para identificar que outros aspectos exercem influência sobre o aprendizado – e que podem contribuir com ele ou não.
Aplicação da teoria da curva de aprendizagem na educação
Com base na curva de aprendizagem, podemos extrair insights relevantes para o trabalho do educador. Retomando os estudos de Ebbinghaus sobre memória e fixação, dois dos insights (e fatores) mais importantes para tal aplicação são a revisão e a repetição.
Uma vez que o esforço é maior durante o início da aprendizagem, os professores podem acelerar o crescimento da curva através da repetição de conteúdo em intervalos regulares. Segundo o psicólogo, essa fórmula facilita a lembrança de informações pela memória. Caso o conteúdo seja apresentado de uma só vez, a fixação não ocorre tão bem – o que pode atrapalhar o andamento do processo.
Além disso, outro fator que influencia a assimilação de conteúdos é o momento em que são apresentados. Todas as informações apresentadas por primeiro ou mais recentemente são melhor guardadas pela memória – e podem facilitar o crescimento da curva.
Mas o modelo da curva de aprendizagem não traz insights apenas para novos métodos de ensino. A fórmula também tem duas implicações para os alunos.
A primeira delas é mostrar que o aprendizado é um processo gradual e contínuo, não estável. Identificar essa característica é essencial para que eles não se sintam desmotivados ou desanimados por não estarem aprendendo (ou parecerem não estar).
A segunda, por sua vez, é que o modelo ajuda professores, pais e os próprios alunos a acompanharem seu desenvolvimento – e identificar que estratégias têm ajudado a deixar a curva mais íngreme e o aprendizado mais rápido.
Conclusão
O modelo da curva de aprendizagem revolucionou o que sabemos sobre como as pessoas aprendem. Apesar de não explicar todo o processo ou não apontar quais fatores estão envolvidos na aprendizagem, ele ajuda a esclarecer por que aprendemos tão rápido, mas com tanto esforço, conteúdos e procedimentos novos – e por que depois de um tempo parece ser tão mais difícil evoluir.
Essa ferramenta pode contribuir com educadores, gestores escolares e até mesmo profissionais de outras indústrias a olhar o progresso com outros olhos e buscar novas metodologias de ensino. E, mais do que isso, pode ajudar estudantes a serem ainda mais conscientes do seu próprio processo educacional – e contribuir com seu desempenho e sua segurança emocional.
Este texto foi elaborado com base nos materiais abaixo. Para consultá-los e saber mais sobre o assunto, acesse:
Teach Thought – A Quick Summary of the Theory of Learning Curves